19 julho 2009

Adeus ao Nordkapp

Antes de voltarmos a terra firme, digam adeus ao Nordkapp e à deslumbrante paisagem dos fiordes!








Adeus ao Nordkapp

17 julho 2009

Nordkapp, dia 3

O terceiro dia no Nordkapp, para além de ter sido marcado pela passagem do Círculo Polar Ártico (com direito a certificado para pôr na parede e tudo!), foi mais baleias e bacalhau. Eu explico.
Baleias numa visita ao 2º maior glaciar da Noruega, Svartisen, onde chegámos depois de uma das viagens de barco mais bonitas que já fiz na vida. Aliás, as fotografias espelham isso mesmo. E espelham em sentido literal. Não vos lembram uma coisa que faziam em pequenos? Uma folha de papel branco dobrada ao meio, uns borrões de tinta numa das metades, ora toca a dobrar o papel ao contrário, ena que giro, imagens simétricas, borboletas artesanais. Fim do momento de nostalgia, voltemos às baleias. Apareceram de surpresa e não se incomodaram com a nossa presença, coisa rara até num passeio de observação de baleias, que não era o caso. Não sei quantas eram, mas eram muitas! Eu diria que um cardume, não fosse o facto das baleias serem mamíferos. O que me leva a pensar que, entre varas e alcateias, nunca me ensinaram na escola como é que se chama a um conjunto de baleias. Falha grave, até porque não consigo encontrar na net…
Quanto ao bacalhau, nas ilhas Lofoten (68º14'08.55''N/14º34'01.03''E). Arquipélago com sete grandes ilhas e uma série delas pequenas, as Lofoten são a capital da pesca do bacalhau. Aliás, mais do que pela beleza natural (que por esta altura já era o pão nosso de cada dia!), a paisagem marca é pelas estruturas de secagem do bacalhau. É espantoso como estas estruturas fazem uma paisagem tão bonita à luz do sol do fim da tarde/início da noite*. Fiquei com muita vontade de lá voltar por mais do que a meia hora de paragem do Nordkapp.

*Início da noite é uma força de expressão, especialmente depois da passagem do Círculo Polar Ártico. É a partir deste ponto que se corre o risco de adormecer com a máquina fotográfica nas mãos à espera do pôr-do-sol… :-)


Terceiro pôr-do-sol a bordo, já não sei a que horas

Sem comentários

Idem, idem

Aspas, aspas

Baleias nos fiordes

As montanhosas ilhas Lofoten

E as estruturas de secagem do bacalhau

15 julho 2009

Nordkapp, dia 2

O segundo dia no Nordkapp foi mais calmo, apenas com uma visita a Trondheim (63º26'04.67''N/10º23'54.44''E), 3ª maior cidade da Noruega. É uma cidade pequena (pouco mais de 150 mil habitantes), famosa pela grande catedral (Catedral de Nidaros, mistura de estilos normando, românico e gótico) onde antes eram coroados os reis. Pois, é preciso não esquecer que a Noruega é uma monarquia, governada pelo Rei Harald V. Mas é também uma democracia, com a particularidade de já em 1986 ter uma primeira-ministra (Gro Harlem Brundtland, conhecida por chefiar a Comissão que lançou o conceito de desenvolvimento sustentável, tão em voga nos nossos dias) e um governo com cerca de 44% de participação feminina. Muito à frente, portanto. Aliás, nota-se. Independentemente da Noruega ser conhecida pela produção de roupa desportiva e confortável, a forma como as norueguesas se vestem denota a despreocupação de quem não tem que se afirmar pela imagem. Ao contrário do nosso país e de tantos outros, onde as mulheres vestem e, principalmente, calçam coisas que não lembram ao diabo (nunca ninguém vai conseguir convencer-me que os saltos não fazem mal à coluna!). Atenção, não estou a falar de países como a Itália ou o Brasil (Rio de Janeiro), onde a obsessão com a imagem é comum a homens e mulheres. Estou a falar de afirmação feminina pela imagem. Ou exclusivamente pela imagem…
Comentários feministas à parte, fazer um cruzeiro nos fiordes da Noruega é qualquer coisa de… Porquê? Porque a paisagem dos fiordes é deslumbrante (já cá faltava!). Quando finalmente passa a ansiedade de fotografar tudo a toda a hora (não é fácil, confesso…), parar umas horas a ler um livro com vista para uma paisagem que vai alternando entre montanhas, em tons de verde e castanho ou então branco neve, ilhas de todos os tamanhos e feitios, casas isoladas ou em pequenos aglomerados, com cores para todos os gostos… e já me perdi no que estava a dizer. Mas como uma imagem vale mais do que mil palavras…

PS: Acabo de me aperceber que se uma imagem vale mais do que mil palavras, então a afirmação feminina pela imagem é capaz de ter razão de ser. Argumento, contra-argumento, argumento, contra-argumento, o que seria de mim se não discutisse comigo própria? :-)


Segundo pôr-do-sol a bordo, onze e muito da noite

Margens do rio Nidelva em Trondheim

Catedral de Nidaros

Casas à beira dos fiordes

Ilhas para todos os gostos

Montanhas e mais montanhas

E paz, muita paz…

13 julho 2009

Nordkapp, dia 1

Como primeira experiência de cruzeiro, o Nordkapp não podia ser melhor: sete decks, um salão panorâmico à proa (sempre cheio de velhinhos, impossível arranjar lugar!) e um deck com varanda a toda a volta, ideal para fotografar a deslumbrante paisagem dos fiordes*.
Mas antes de mais, o que é um fiorde? “Um fiorde corresponde a um antigo vale glaciar que, devido à fusão do gelo, foi invadido pelas águas do mar”, in Enciclopédia de Geografia. Por outras palavras, os fiordes são braços de mar entre montanhas, particularmente estreitos e profundos, que permitem a navegação por grandes barcos como o Nordkapp; e, claro, o deslumbramento de quem vai a bordo com a paisagem dos fiordes.
O primeiro dia no Nordkapp foi exactamente uma visita (também em terra) a um dos maiores fiordes da Noruega, com 15 km de extensão, o Geirangerfjorden (62º05'28.96"N/7º03'42.96"E). Escusado será dizer que, seja do barco, seja em terra, de baixo ou de cima, é uma paisagem deslumbrante.
Deslumbrante é também a paisagem do chamado “caminho dos trolls”, caminho a descer (ou a subir, depende da perspectiva) com onze curvas de cortar a respiração, especialmente quando se vai num autocarro daqueles que saem da estrada nas curvas! E o que é um troll, perguntam vocês? Um troll é um ser da mitologia norueguesa (aliás nórdica, mas essencialmente norueguesa), que pode assumir várias formas, a mais comum uma coisa peluda com quatro dedos em cada mão e árvores no nariz, que só aparece de noite porque com a luz do sol se transforma em pedra. Estão a ver os hobbits do Tolkien? Os do livro, não os do filme! :-)

*Aviso: "a deslumbrante paisagem dos fiordes" poderá ser uma expressão repetida até à exaustão.


Primeiro pôr-do-sol a bordo, onze e pouco da noite

Vista desde o Nordkapp

O Nordkapp no Geirangerfjorden

Geirangerfjorden

O caminho dos trolls, com três das curvas à vista

Vista desde o caminho dos trolls

Cuidado, trolls por perto!

11 julho 2009

Começando por Bergen

Chegar a Bergen (60º23'17.06''N/5º19'54.66''E) pouco depois das onze da noite e ainda ser dia foi o tiro de partida. O sol já se tinha posto, mas ainda havia aquela luminosidade no céu. Mal eu sabia que as noites claras (ou em claro…) ainda estavam para vir, mania de fotografar o pôr-do-sol…
Bergen é a capital dos fiordes e a 2ª maior cidade da Noruega, com cerca de 250 mil habitantes (não se esqueçam que, apesar do extenso território, os noruegueses não chegam a 5 milhões). É uma cidade bonita, com as suas fiadas de casas pelas montanhas acima. O centro percorre-se em poucas horas, de um lado ao outro do porto, e tem como imagem de marca Bryggen, o conjunto de casas de madeira que constitui a zona portuária original, Património Mundial da UNESCO. Aliás, o Bryggens Museum vale uma visita, para perceber a história desta zona, construída e reconstruída após inúmeros incêndios, famosa pelo comércio nos tempos da Liga Hanseática.
Mas giro, giro é o Mercado do Peixe! Peixe para todos os gostos, principalmente arenque e salmão, e refeições baratas (coisa rara na Noruega, como mais tarde percebemos…) em mesas com bancos corridos. E uma miúda simpática a dizer-nos que podíamos fazer o pedido em português, estudante a trabalhar para viajar, boa onda!
Depois de um dia em Bergen, entrada no Nordkapp, um dos barcos da Hurtigruten que faz a viagem pelos fiordes até ao Cabo Norte, de Bergen a Kirkenes, com 34 paragens pelo caminho, a viagem de uma vida. Mas isso já é uma história para outro post…


Fiadas de casas pelas montanhas de Bergen

O centro da cidade em Bryggen

As casas de madeira de Bryggen

À falta de gatos a sério em Bryggen

Peixe para todos os gostos no Mercado do Peixe

01 julho 2009

Antes de mais, o porquê da Noruega

Não, não foram só os fiordes que me levaram à Noruega. Tudo começou há 42 anos atrás, em Agosto de 1967, quando o meu pai, acabado de licenciar em economia, foi fazer um estágio da AISEC a Tromsø (69º39'40.54''N/18º57'00.97''E), capital do Ártico, terra do sol da meia-noite e da aurora boreal, numa associação de empresas exportadoras de bacalhau. A associação já não existe, mas a cidade lá está, com algumas coisas ainda no mesmo sítio, segundo o meu pai. O antes e o depois de Tromsø (lê-se Trumsa!) ficam para mais tarde, estou aí a preparar uma coisa em grande... :-)


Sem necessidade de tradução

Vista de Tromsø numa foto tirada às 23h27m!

O único gato que encontrei na Noruega!!!