31 dezembro 2014

Interregno chique, @ Monte Carlo, Principado do Mónaco

O Principado do Mónaco é o segundo país mais pequeno do mundo (a seguir à Cidade do Vaticano), 2 quilómetros quadrados apenas. Mas são 2 quilómetros quadrados com uma densidade urbana e uma concentração de riqueza dignas de registo! Prédios e mais prédios encavalitados uns nos outros encosta acima. E carros e mais carros daquelas marcas caras que não me dizem absolutamente nada... Ok, a cidade velha é engraçada. As vistas do porto também. Mas a impressão geral é "ok, está visto", ao fim dumas poucas horas! De tal forma que a passagem de ano a gastar uns trocos no famoso casino e a ver o famoso fogo de artifício foi rapidamente trocada pelo mesmo programa, mas na encantadora cidade de Nice!!!

PS: Um pequeno apontamento sobre a cidade medieval de St-Paul de Vence, a não perder para ver pelo menos 64 galerias de arte e para comer um crepe no Le Tilleul!

30 dezembro 2014

Interregno chique, @ Nice

Nice é a capital da Côte d'Azur e consegue ser encantadora mesmo no Inverno (provavelmente mais encantadora no Inverno, nem quero imaginar as multidões no Verão...). Um sol luminoso e um mar em vários tons de azul diluem qualquer desconforto causado por temperaturas próximas dos 0 graus. Obrigatório o passeio pelas Promenades du Paillon e des Anglais, pelo Parc du Château e pela Vieux Nice, assim mesmo, tudo em francês! Opcionais, mas recomendáveis, o almoço no porto, num restaurante com especialidades persas (interregno mas pouco!), a passagem pelo mercado de velharias, também no porto, e a demora nas ruas da cidade velha. As lojas de sabonetes, nas quais a lavanda da Provença é a grande atracção, são um deleite para os olhos. Já para não falar do deleite para todos os sentidos que são as lojas gourmet. Tipo "sais e pimentas de todo o mundo"...

29 dezembro 2014

Interregno chique

Interregno porque esta semana não vou postar sobre o Irão. Chique porque vou andar pela Côte d'Azur e entrar em 2015 no Principado do Mónaco, o meu 48º país! De carro a partir de Genebra, a não perder a Rota de Napoleão, pelos Alpes Franceses. Não sei como é que será noutras alturas do ano, mas com neve é inesquecível...

23 dezembro 2014

Yazd e as torres de vento

Yazd é conhecida pelas suas torres de vento. Se estiveram atentos ao post anterior, são aquelas estruturas com colunas que aparecem em quase todas as fotografias. Uma espécie de sistemas de ar condicionado artesanais, como referi em tempo real. Chamam-se badgirs e estão espalhadas por toda a cidade. O sistema é muito simples: uma estrutura que impede o ar quente de entrar, direccionando-o para cima; e que direcciona o vento para baixo, por vezes com a ajuda de uma "piscina" de água para o refrescar. "Engenheiramente" falando, o sistema é genial! Digo eu, que de engenharia percebo pouco... Isto para não falar da paisagem sui generis, a modos que uma floresta de badgirs, nas palavras do Lonely Planet. Uma floresta em tons de ocre, sempre. Para além das torres de vento, fiquem lá com mais algumas fotografias nestes tons. Um doce a quem vislumbrar umas mesas de ping-pong!!!








22 dezembro 2014

Yazd, a encantadora

Yazd, o terceiro ponto do meu percurso, foi das cidades que mais me encantou. Não sei se pelos tons de ocre, pelas torres de vento, pela Mesquita Jameh, pelo passeio a pé na cidade velha, ou pela recepção no hotel! Imaginem que chegam finalmente a um hotel depois de umas quantas horas de viagem e muito trânsito à chegada; imaginem que à porta está um homem enorme, tipo gigante, com um bigode revirado digno de registo; imaginem que ao lado desse gigante está um anão, tão pequeno que à primeira vista nem percebem se é um anão ou uma criança; imaginem que ambos, gigante e anão, estão vestidos tipo cossacos russos e que à recepção se juntam duas araras que até dançam ao som dum sambinha brasileiro. Não imaginam... Por isso fiquem com as fotos do "folclore" do hotel Moshir-al-Mamalek (apenas da chave do quarto no caso da dupla gigante/anão, faltou-me o descaramento...) e das vistas da cidade em tons de ocre. Para já...








18 dezembro 2014

Curiosidades persas VI

No último post referi-me a uma palavra como "qualquer coisa" em persa. Já não sei como fiz em posts anteriores, mas a língua persa chama-se farsi. Parece que a Academia de Língua e Literatura Persa considera o termo persa mais apropriado, "por ter uma tradição mais longa nos idiomas ocidentais, e expressar de maneira mais adequada o papel do idioma como marco de continuidade nacional e cultural" (Wikipédia dixit). Mas o facto, curioso ou não, é que os iranianos se referem orgulhosamente à sua língua como farsi. Aliás, o meu vizinho no vôo Frankfurt-Teerão meteu conversa comigo dizendo que parecia impossível que um vôo para o Irão não tivesse o farsi entre as línguas disponíveis nos monitores! Foi ele quem me disse que o farsi é um descendente directo da língua falada nos vários Impérios Persas. Falada, não escrita. Porque a escrita perdeu-se e o farsi de hoje em dia tem por base o alfabeto árabe. Confesso que não faço ideia como seriam os hieróglifos persas, mas se há coisa que a herança árabe tem bonita é a caligrafia...



16 dezembro 2014

Curiosidades persas V

O Irão fazia parte da rota da seda. E a rota da seda, como qualquer rota comercial, tinha pontos de paragem para descanso dos comerciantes. No Irão, aliás na Pérsia, ao longo dos 2500 quilómetros da Estrada Real (construída no 1º Império Persa!), estes pontos de paragem chamavam-se caravançarais, literalmente "palácio de caravanas" em persa. Estes "palácios" não eram mais do que um conjunto de quartos ao redor de um pátio, e encontravam-se a cerca de 30 quilómetros de distância uns dos outros, distância que representa cerca de um dia de viagem para uma caravana de camelos. Hoje em dia, os poucos caravançarais que não estão em ruínas tornaram-se pontos de paragem para curiosidade dos turistas...



08 dezembro 2014

Pequenas pérolas de Persépolis, livro, II

E dado que eu tive um pequeno percalço informático e estou neste momento sem acesso às minhas fotografias do Irão, porque não continuar com a questão do uso do véu através da Marjane Satrapi? É que é uma questão que continua a dividir o Irão...



05 dezembro 2014

Pequenas pérolas de Persépolis, livro, I

E já que estamos numa de mulheres e direitos das mulheres, porque não uma pequena pérola do livro Persépolis? Não conhecem? Pois deviam! É uma autobiografia ilustrada de uma mulher que nasceu no Irão em 1970, Marjane Satrapi. E vale mesmo a pena ler...



03 dezembro 2014

Sabem quem é Shirin Ebadi?

Shirin Ebadi nasceu em 1947 em Hamadan, a cidade antiga de Ecbatana. Em 1975 tornou-se a primeira mulher juiz no Irão, posição que foi obrigada a deixar após a revolução de 1979. Quando muitas outras mulheres iranianas foram obrigadas a deixar de trabalhar, "demasiado emocionais" para certas funções, segundo o Ayatollah Khomeini... Shirin Ebadi envolveu-se então activamente na luta pela democracia e pelos direitos das mulheres e das crianças no Irão. E continuou a sua actividade profissional, dando aulas na Universidade de Teerão e exercendo como advogada, na defesa de cidadãos de minorias religiosas, refugiados, escritores e estudantes, entre outros. Em 2003 foi laureada com o Prémio Nobel da Paz, o primeiro atribuído a uma mulher muçulmana. E esta mulher muçulmana não podia ser mais acutilante na sua visão da "utilização" da religião islâmica: "people should stop putting the adjective Islamic before or after every word so that they can interpret everything in the interest of their corruption and brutality".
 

27 novembro 2014

Curiosidades persas IV

Os níveis de educação no Irão são elevados, nomeadamente os das mulheres (dois terços dos estudantes universitários são mulheres!). Aliás, os níveis de educação feminina aumentaram depois da revolução de 1979. Curioso, não? É que com a revolução islâmica veio a obrigatoriedade do uso do véu, o que levou muitas famílias tradicionais que antes não deixavam as filhas sair à rua sem véu, a mandá-las finalmente para a escola. Pois... É que o Xá na sua tentativa de "ocidentalização" (que significou para as mulheres o direito de voto, o direito ao divórcio e o aumento da idade mínima do casamento para 18 anos), cometeu um erro que o fez ir contra os valores de parte da população: a proibição do uso do véu. O mesmo erro que é agora cometido pelos actuais governantes, mas ao contrário: parte da população não se identifica com os valores religiosos que estão por detrás do uso do véu. E embora as mulheres conduzam, trabalhem, continuem a poder votar e até tenham assento no parlamento, o facto é que os direitos das mulheres no Irão deixam muito a desejar. A idade mínima do casamento está agora nos 13 anos (passou para 9 anos logo a seguir à revolução!) e a segregação entre homens e mulheres é um dado adquirido. Daí que seja normal a imagem abaixo, grupos de estudantes em visitas de estudo a monumentos de interesse. Mas se perdi a conta aos grupos de rapazes, lembro-me bem do único grupo de raparigas, de tão sorridentes que estavam. E ao qual me envergonhei de tirar uma fotografia...



26 novembro 2014

A Cidadela de Rayen

A Cidadela de Raien é uma construção milenar a 11 quilómetros de Kerman. Com cerca de 20.000 m2 e em forma de castelo, é feita de adobe, a argamassa de barro e palha que antecedeu o actual tijolo. Ainda não se sabe muito sobre esta cidadela, abandonada durante 150 anos e recuperada apenas a partir de 1996. Até porque só depois do terramoto que destruiu e matou milhares de pessoas na vizinha Cidadela de Bam, é que Raien ganhou interesse turístico. Mas as imagens abaixo falam por si...

















25 novembro 2014

Curiosidades persas III

O parque automóvel no Irão é muito curioso. Não é vintage, como o de Cuba. Mas também reflecte as sanções de que o Irão tem sido alvo por parte da comunidade internacional, nomeadamente a União Europeia e os EUA. É raro ver modelos recentes ou carros com um ar novo. E quase todos os carros que se vêem são de marca francesa. Ao que parece, antes das sanções da União Europeia, os iranianos eram os segundos maiores consumidores da PSA Peugeot-Citroen (a seguir aos próprios franceses?). Mas entre Peugeots e Citroens, ganha a Renault, porque o favorito parece ser o intemporal R5! Nem sempre em bom estado, como se pode ver abaixo...



23 novembro 2014

Kerman não é só compras!

É também os detalhes que se encontram no bazar, para além do que está à venda. E os banhos, como o Hammam-e Ganj Ali Khan, reabilitado e transformado em museu. Que para além de umas divertidas (e por vezes assustadoras!) figuras de cera a recriar o ambiente de outros tempos, tem o já famoso trabalho em azulejo, com fartura. E ainda umas pedras, chamadas "pedras do tempo", translúcidas para permitirem aos "banhistas" perceberem a hora do dia pela luz que por elas passava. Já nos arredores, é também os jardins, como o Bagh-e Shahzde, um oásis no meio do deserto, onde se almoça no meio de gatos (e onde, claro, também se vende, fruta!). E os mausoléus, como o Aramgah-e Shah Ne'matollah Vali, de um Sufi que viveu no século XV e morreu com mais de 100 anos. Que para além das cúpulas estreladas, tem umas inscrições em espiral dignas de registo. Kerman é ainda os campos de pistachios em paisagens montanhosas...


















22 novembro 2014

Vamos às compras em Kerman?

Kerman, o segundo ponto do meu percurso, é a principal cidade do sudeste do Irão e é já uma fronteira cultural entre persas e baluchis, etnia minoritária próxima da cultura paquistanesa. É também uma cidade mercantil por excelência, na qual a principal atracção é o bazar (um dos bazares mais antigos do Irão!). Estende-se por 1200 metros e garanto-vos que são 1200 metros de puro gozo para quem goste de compras. Ou de fotografia! De tal forma que tive muita dificuldade em escolher entre as dezenas de fotografias de trabalhos em cobre, especiarias e frutos secos, demais géneros alimentícios e restantes bugigangas...



















E a cereja em cima do bolo!