31 maio 2012

Castela e Leão

De regresso a Portugal, paragem para dormir em Tordesillas. Não que a cidade tenha alguma coisa para ver, não tem. Não se vê aliás uma única referência ao tratado, por incrível que pareça…
De Tordesillas para Salamanca, onde mais do que chuva foi granizo que caiu! Resultado, nem do carro se saiu!!! Uma pena, porque se bem me lembro de Salamanca, é uma cidade a (re)visitar.
Para compensar, céu azul e sol em Ciudad Rodrigo, uma pequena cidade na fronteira com Portugal onde vale a pena parar mais do que o tempo suficiente para atestar o carro de combustível. A pracinha principal é encantadora e há uma série de pontos de interesse para visitar.
E assim terminou mais uma road trip por Espanha. Há poucas coisas que me deixem tão bem disposta como pegar no carro e fazer uns quantos quilómetros em terras de nuestros hermanos. Fico sempre com a sensação de que ficou muito por ver. E com vontade de voltar…


Vista de Tordesillas 

Ciudad Rodrigo

25 maio 2012

Cantábria

Cantábria de passagem e com chuva. Primeiro Castro Urdialles, uma pequena cidade costeira, encantadora. Depois Santander, a capital da região, merecedora de visita com tempo mais convidativo à descoberta da cidade. Para compensar a desolação da grande marginal debaixo de chuva torrencial, a melhor refeição da viagem, num pequeno restaurante perto do mercado. Mas e agora descobrir a caixa de medicamentos onde anotei o nome do dito?
Por último, as famosas grutas de Altamira, onde comprar bilhete no próprio dia não é garantia de entrada na réplica de uma das grutas (as grutas originais estão fechadas há já 10 anos, para preservar as pinturas). Mas só o museu já vale a pena ver, bastante informativo e bem organizado. Ficou por ver Santillana del Mar, uma das atracções turísticas da região, conhecida como a vila das 3 mentiras: não é plana, não está à beira-mar e quanto a ser santa...


Castro Urdialles 

Mercado de Santander

21 maio 2012

Bilbao, País Basco (II)

Ao contrário do que se possa pensar, Bilbao é muito mais do que o Guggenheim e a zona da arquitectura moderna. É também toda a zona histórica, com referências desde a Idade Média aos tempos do franquismo. As sete ruas do centro histórico, que não levam mais de dez minutos a percorrer de cima a baixo (ok, com sol talvez um pouco mais...), davam guarida a cerca de 50 mil habitantes na Idade Média. E a praça onde algumas destas ruas desembocam, a Plaza Nueva, tem uma entrada com escadaria que resultou de um bombardeamento durante o cerco franquista à cidade, em 1937.
É a esta praça que os habitantes da cidade se dirigem ao fim da tarde, para o maravilhoso hábito espanhol de tapear. Mesmo debaixo de chuva torrencial, tornou-se difícil chegar fosse a que balcão fosse para pedir uns pintxos e umas cañas. E o barulho? Imaginem dezenas, se não mesmo centenas, de espanhóis (bascos, mas ainda assim espanhóis!) a falar ao mesmo tempo! Inesquecível...
Tenho que confessar que Bilbao me deixou com vontade de voltar, nem que seja para ver a cidade com luz do sol. Aliás, o próprio País Basco merece mais. San Sebastián, Vitoria e todas as pequenas cidades e aldeias (entre as quais a famosa Guernica, mesmo que por maus motivos...) que fazem desta região uma região especial, que sempre se distinguiu e fez questão de distinguir de Espanha.
De facto, há qualquer coisa na resistência basca que (me) atrai. Não a resistência armada da ETA, nada disso. Mas sim a resistência de uma língua que remonta à pré-história, de uma "raça" cuja origem é ainda hoje um mistério por resolver...


A Plaza Nueva, tranquila durante o dia

O centro histórico, ruas estreitas para lá dos edifícios

19 maio 2012

A matéria do tempo

Último conjunto de peças a destacar da colecção do Guggenheim Bilbao: a matéria do tempo, do escultor norte-americano Richard Serra (origem portuguesa?). 8 peças gigantes em aço, entre elipses e espirais, cujo objectivo é criar no público uma sensação de espaço em movimento. E, de facto, sente-se. Vertigem, claustrofobia até...

 



15 maio 2012

A Senhora Lenin e o Rouxinol

Outras das peças dignas de referência são as pinturas que formam a colecção "A Senhora Lenin e o Rouxinol", inspirada num quadro de 1924 (Otto Dix, retrato dos pais do autor). Num total de 16 pinturas, 8 em tons coloridos em fundo branco, 8 em tons esbatidos em fundo preto, todas invertidas, o autor alemão Georg Baselitz retrata Lenin e Stalin, o primeiro na pessoa da Senhora (pelos seus disfarces...) e o segundo na "pessoa" do Rouxinol (pela sua voz...). Poderosas...


Em fundo branco 

Em fundo preto

11 maio 2012

A madonna negra

Uma das peças mais impressionantes do Guggenheim Bilbao: a madonna negra com gémeos, parte de um conjunto de fotografias tiradas no Sudão do Sul em 2006, by Vanessa Beecroft (http://www.vanessabeecroft.com).



09 maio 2012

Bilbao, País Basco (I)

Bilbao, cidade situada na base de um vale, é agradavelmente surpreendente quando se chega da montanha. E ao contrário do que ouvi dizer ("Bilbao? Não tem nada que ver para além do Guggenheim!"), é uma agradável surpresa, passe a repetição...
Capital de uma das três províncias do País Basco, de seu nome Biscaia (as outras são Álava, capital Vitoria, e Guipúzcoa, capital San Sebastián), a cidade tem cerca de 350 mil habitantes. De carácter marcadamente industrial, e por isso apelidada de Cidade do Ferro, é hoje reconhecida pela arquitectura moderna, para o que muito contribuiu o Museu Guggenheim, inaugurado em 1997 e que trouxe uma lufada de ar fresco no que toca ao turismo.
De facto, a arquitectura moderna chama a atenção. Ao longo de uma ria, a ria de Nervión, destacam-se não só o famoso edifício de Frank Gehry mas também a Ponte das Universidades, de Santiago Calatrava (para não falar das estações de metro, de Norman Foster, longe das margens da ria). O passeio ao longo da ria é aliás das coisas mais bonitas que a cidade tem, mesmo debaixo de chuva torrencial!
Quanto ao Guggenheim, impressiona mais pelo edifício do que pela colecção. Não que a colecção de arte moderna não tenha peças impressionantes, tem. Mas porque o edifício, esse sim, impressiona. Tal como o Guggenheim de Nova Iorque, marca pela diferença. Pelos materiais, titânio e vidro, pelas formas, onduladas, pelas peças exteriores, uma aranha a juntar ao famoso cão (que há quem diga que é um urso!), pelo ambiente em torno...


Museu Guggenheim

Um cão ou um urso?

05 maio 2012

Mérida, Estremadura

A caminho de Madrid, paragem para almoçar e ver as ruínas romanas de Mérida, capital da comunidade autónoma da Estremadura e antiga Emerita Augusta, uma das cidades mais importantes da Península Ibérica em tempos romanos (capital da região de nome Lusitânia!) e Património da Humanidade desde 1993.
Vale a pena ir com mais tempo, até porque hora de almoço é hora de sesta, ou seja, tudo fechado. Disto mesmo fui informada num posto de turismo impecável, dentro de um edifício novo com uma casa-de-banho indescritível de vandalizada (eu diria mesmo que parecia que por lá tinha passado a turba do Pingo Doce…).
O que não nos impediu de percorrer a cidade e ver o que pode ser visto por fora: o templo de Diana, bastante maior do que o de Évora; a Alcazaba árabe, parece que a primeira alcáçova muçulmana da Península Ibérica, situada junto a uma das maiores (em extensão) pontes romanas que já vi, sobre o rio Guadiana; o anfiteatro e o teatro romanos, escondidos atrás da folhagem das árvores mas ainda assim imponentes; e o aqueduto dos milagres, do mais conservado que tenho visto. Last but not least, a Plaza de España, pequena mas encantadora, com edifícios dignos de nota.
De referir que, sem querer espalhar boatos, Mérida não será das melhores escolhas para almoçar. Ou então sou eu que tenho tido azar. É que já numa outra road trip lá tinha parado com o mesmo propósito, e a memória que ficou foi má. Aliás, tão apagada de má que não sei se não terei ido parar exactamente ao mesmo restaurante…


Templo de Diana

Edifício na Plaza de España

Ponte romana sobre o Guadiana

01 maio 2012

2000 quilómetros de Espanha

Se há coisa que eu gosto, é de uma boa road trip (viagem de estrada, em bom português!). Não sei se foi coisa que me ficou de Moçambique, mas o facto é que gosto muito: mala no porta-bagagens, mapa de estradas no tablier, playlist à maneira, cabelos ao vento, e ala que se faz tarde!
À falta de África do Sul e Suazilândia, e dado que uma road trip não se faz pelo mar, sobra-nos Espanha. E que bela sobra! O maior país da Península Ibérica (não esquecendo que o nosso é o segundo maior!!!), com cerca de 500 mil quilómetros quadrados, tem 17 comunidades autónomas e muitas, mas mesmo muitas, belas cidades para percorrer.
Sevilha, Granada e Córdova, trio andaluz que marcou a minha passagem de ano de 2004 para 2005. Ainda hoje os polícias sevilhanos estão para perceber que raio de picareta gigante atingiu a porta do meu jipe… 2006 para 2007, de Cuenca a Toledo (manchegas, como o queijo!), passando por Madrid, essa grande capital onde se faz um ensaio de passagem de ano no dia 30 de Dezembro. Nunca na vida tinha tido a estranha sensação de ter saltado um dia do calendário sem dar por isso… Comunidade Valenciana, Catalunha e Aragão, três regiões de uma vez só, de 2008 para 2009: Valência, Barcelona e Saragoça. Grandes cidades, todas…
Ora, com a passagem de ano ainda tão longe, e um 25 de Abril a meio da semana tão a jeito, porque não fazer mais uns quilómetros de Espanha? E foi assim que se juntaram mais quatro regiões ao clube: Estremadura, País Basco, Cantábria, e Castela e Leão. Algumas delas por puro acaso e apenas de passagem. O objectivo era Bilbao, capital de uma das três províncias do País Basco e cidade Guggenheim. Mas mais informações, só mesmo num post perto de si...