30 outubro 2014

De como o Irão nos provoca sentimentos contraditórios

Acabada de chegar do Irão e com poucas horas de sono, estou na confusão de sentimentos, positivos e negativos, que o país provocou em mim. O Irão é o símbolo de um dos grandes impérios que o mundo já viu, o Império Persa. Um país de paisagem agreste, montanhosa e desértica. Um país de gente afável, sempre pronta a sorrir e a perguntar de onde vimos e se estamos a gostar. Mas o Irão é também uma das poucas Repúblicas Islâmicas do mundo. Um país onde os direitos humanos, nomeadamente os direitos das mulheres, são atropelados todos os dias. Um país onde, em nome de uma religião, se vai contra os valores de um povo...

28 outubro 2014

Da Pérsia, com amor VI

Isfahan tem cerca de um milhão e meio de habitantes e é a terceira maior cidade do Irão. Foi, aliás, capital, entre o século XVI e o século XVIII. É a cidade mais visitada por turistas, dado que é considerada a jóia arquitectónica do país. Mais, uma das jóias arquitectónicas do mundo! Grandes avenidas, jardins e pontes com fartura, mesquitas e demais monumentos islâmicos, há de tudo para nos deixar de queixo caído e cabeça no ar. De queixo caído quando entramos, por exemplo, na Praça Imam, a segunda maior praça do mundo (a seguir à Praça Tiananmen, em Pequim). E cabeça no ar porque os tectos das mesquitas são das coisas mais bonitas que já vi na vida. O que me cria um problema... Como manter o lenço na cabeça a tapar o cabelo se ando sempre de olhos no tecto?
Por falar nisso, Isfahan foi recentemente palco de alguns ataques a mulheres. Motociclistas atiraram ácido súlfurico a mulheres "menos tapadas" em ruas do centro da cidade. Com "menos tapadas" quero dizer sem chador e apenas com o hijab a tapar parte do cabelo. Os ataques foram repudiados por todas as autoridades, incluindo as religiosas. Mas é preciso não esquecer que o Irão é uma República Islâmica. E que quando passamos em qualquer controlo policial, a guia turística avisa e confirma se os lenços estão todos no sítio...

26 outubro 2014

Da Pérsia, com amor V

Persépolis é a capital do Império Persa por excelência. Aliás, foi. Ali entre 520 AC e 330 AC, mais coisa menos coisa. Conquistada e incendiada por Alexandre o Grande, o pouco que restou ficou enterrado, e conservado, na areia. Para ser descoberto e escavado a partir de 1930. Está em ruínas e é apenas uma sombra do que foi, confirma-se. Mas é uma sombra de cortar a respiração... 



25 outubro 2014

Da Pérsia, com amor IV

Shiraz tem pouco mais de um milhão de habitantes e é considerada o coração da cultura persa. A poucos quilómetros das ruínas de Persépolis, é actualmente a cidade mais importante nesta zona de fronteira entre o centro e o sul do Irão, já a descair para o Golfo Pérsico. É também a cidade dos poetas, dos jardins e das flores, e, há quem diga, do amor.
Também há quem diga que um copo de vinho ajuda muito nestas coisas do amor. E para quem gosta de vinho, o nome Shiraz soa familiar. Pois, é daqui a casta Syrah, ao que parece levada pelos franceses para Rhone durante as Cruzadas. Levada ou não, o facto é que em Shiraz se produzia vinho até à revolução de 1979. Depois da revolução, com a proibição do consumo de álcool, acabou-se a produção de vinho. Mas mantiveram-se as vinhas, para a produção de sumo de uva. Não saio daqui sem experimentar o tal de sumo, em formato garrafa de champanhe e com o curioso nome "Amigo"...

23 outubro 2014

Da Pérsia, com amor III

Yazd tem cerca de meio milhão de habitantes e é uma das principais cidades do deserto, embora já na região central do Irão. É uma cidade em tons de ocre, na qual se destacam as torres de vento, uma espécie de sistemas de ar condicionado artesanais. Segundo a UNESCO, a cidade velha é uma das cidades mais antigas do mundo!
A grande cidade é também uma das "casas" da comunidade Zoroastra iraniana. E sobre os Zoroastras haverá muito a postar. Para já, fica a ideia de que a visita às Torres do Silêncio, monumentos funerários com milhares de anos, é sem dúvida uma das marcas desta viagem...



22 outubro 2014

Da Pérsia, com amor II

Kerman tem cerca de meio milhão de habitantes e é a principal cidade do sudeste do Irão. Zona de deserto, fazia parte da rota da seda. Com tal tradição mercantil, imaginem o bazar! O artesanato por excelência é feito de cobre, dado o número de minas na região. Mas o bazar é cobre e muito, muito mais! Esperem pelas fotografias...
A cidade em si, e arredores, é também gatos, muitos gatos. De todas as cores e feitios, mas sempre com muito pêlo e um ar anafado e bem tratado. Nos restaurantes a pedir comida, nos monumentos a espreitar, onde quer que eu vá, há um gato persa a fotografar...

21 outubro 2014

Da Pérsia, com amor I

Teerão tem 15 milhões de habitantes e é o caos. Diz o Lonely Planet que se uma pessoa quiser acção em Teerão (e no Irão em geral) é só tentar atravessar uma rua. Confirma-se! No meio do caos, vislumbram-se "women's taxi" e autocarros com homens à frente e mulheres atrás. Ou vice-versa. Não me parece que haja uma regra, desde que homens e mulheres estejam separados...
A cidade não tem muito que ver, mas tem um Museu das Jóias que ofusca de tanto diamante, esmeralda, rubi, eu sei lá. Imaginem um globo terrestre com 51366 pedras preciosas! Já o Museu de Arte Contemporânea é outro tipo de surpresa, a não perder.
O ex-libris da cidade é a Torre Azadi, que quer dizer liberdade em farsi. Construída em 1971 para celebrar o ano 2500 do Império Persa, tornou-se o símbolo da Revolução de 1979. Foi aqui que o Ayatollah Khomeini discursou. E é aqui que ainda hoje todo e qualquer protesto acontece (enfim, protesto talvez seja força de expressão...). O vermelho fica-lhe bem!




PS: A simpatia iraniana confirma-se. O meu vizinho no vôo Frankfurt-Teerão, engenheiro civil a viver nos EUA de visita à família em Teerão, ensinou-me mais do que qualquer Lonely Planet...

19 outubro 2014

Pérsia, vulgo Irão

Não, não me vou lamentar por continuar sem postar, porque o meu blog não é o muro das lamentações. Para a frente é que é o caminho e hoje estou de partida para uma daquelas viagens que só se faz uma vez na vida. Podia ser apenas o "Persépolis", mas não é. Aliás, comprei-o para o levar mas vou deixá-lo, não vá alguém confiscá-lo... Continuo a viagem quando voltar! Entretanto, caso as condições de acesso à net o permitam, vou tentar postar em tempo real: Teerão, Kerman, Yazd, Shiraz, Persépolis, Isfahan. Inédito neste blog...