27 novembro 2006

Saudades de Moçambique

Fui ver o filme "O jardim do outro homem", do moçambicano Sol de Carvalho, ante-estreia no Kanema, festival internacional dos cinemas africanos. E fui transportada para Maputo. Literalmente. Os chapas, a marginal, as bancas à beira da estrada, os mercados, a confusão, as capulanas, o changana, os bairros de terra batida, as cores, o pulsar... Quem vibrou com as minhas crónicas, de palavras e imagens sem movimento, não deixe de ir ver. Brevemente, num cinema perto de si. :-)

13 novembro 2006

Moreno dos olhos d'água

Só para marcar a presença do moreno dos olhos d'água em Portugal, ao fim de 13 anos dji saudadji. Por mim falo, que trago no peito paixão antiga. Já lá vão mais anos de descoberta do que aqueles que tinha quando o descobri. Sim, sou mesmo daquelas chatas que sabem de cor as músicas todas. E, como tal, fui a dois concertos. Ao primeiro, sexta-feira, assistência fria, lugar na quarta fila a contar de trás. E ao (supostamente) último, terça-feira, assistência ao rubro, lugar na segunda fila a contar da frente. Que me permitiu tirar esta foto, que mora agora no background do meu computador...

Simplesmente, Chico

Engraçado alguns "especialistas" terem comentado que ele não se mexia em palco, que entrava e saía sério. É preciso não conhecer Chico. E não perceber que ao Chico, pelos olhos d'água e não só, tudo se perdoa...

25 outubro 2006

Madeira e Porto Santo: as palavras (take 2)

Porto Santo é tipo paraíso na terra! A paisagem é completamente diferente da da Madeira (é mais tipo Ponta de São Lourenço). E o ambiente também. Pouca gente, poucas casas, poucos carros, pouco tudo! Parece o Algarve aqui há 30 anos. Isto segundo os meus pais, como muito bem observou uma amiga minha que me perguntou: “mas como raio é que tu sabes como é que era o Algarve há 30 anos”? Por acaso, as minhas primeiras férias até foram no Algarve, há 32 anos atrás, andava eu pelo meu primeiro mês de vida… Voltando a Porto Santo, a ilha tem cerca de 5 mil pessoas. No verão chega às 25 mil. Ou seja, quintuplica. Mas vai suportando. De tal forma que se está bem em todo o lado, especialmente na praia, que é linda de morrer e tem uma água maravilhosa. Já nos restaurantes, que não são muitos, é preciso marcar mesa. Mas também é preciso arranjar alguma coisa com que a gente se preocupe, não? Assim, a principal preocupação para quem está de férias em Porto Santo é marcar o restaurante para o jantar. Um stress! Não fosse a história do mini-bus e não sei como é que seria… Mini-bus?, perguntam vocês. Pois, é que quase todos os restaurantes têm um mini-bus que leva o pessoal de e para o hotel. Do melhor para quem, como eu, gosta de des-stressar com um bom vinho tinto…
E não posso dizer muito mais sobre Porto Santo. Para minha grande vergonha, nem sequer a volta à ilha dei! Entrei na rotina de pequeno-almoço, praia, almoço, sesta, praia, jantar, e mais não fiz. Embora tenha andado pela ilha à noite (de mini-bus, pois então!) e isso tenha sido suficiente para perceber que Porto Santo é tipo paraíso na terra, mas por pouco tempo. Estão a ser construídos dois grandes hotéis. E por mais que me digam que há um limite de camas, suportável, que não vai ser ultrapassado, eu não acredito…
Dois últimos comentários. Um sobre um dos ícones de Porto Santo, a “lambeca”: quando virem uma fila sem fim no largo principal da vila, e se gostarem de gelados, arrisquem; só não digam ao senhor que estão ali para provar a famosa “lambeca”, porque correm o risco de levar com ela na cabeça… E outro sobre alguém que estava no mesmo hotel que eu e que é uma lição sobre o saber envelhecer: Manoel de Oliveira, do alto dos seus 97 anos, com um grupo de amigos que se reunia numa mesa seguramente com mais de 1000 anos…

25 setembro 2006

Madeira e Porto Santo: as palavras (take 1)

O primeiro comentário a fazer sobre a Madeira é, sem dúvida, à pista de aterragem do aeroporto. Sim, eu sei que ela já foi aumentada, mas mesmo assim faz alguma confusão. Dá uma sensação de… “será que o avião trava a tempo?”. Aliás, só uma pista de aterragem como aquela para desviar a atenção da ilha em si. A Madeira é, de facto, muito bonita.
O Funchal é uma cidade fora do vulgar, construída de forma harmoniosa pelas encostas acima. Não admira que à noite se transforme numa espécie de presépio… Valem-nos os teleféricos (não um, mas dois!) para chegar às zonas altas: Igreja do Monte, Largo das Babosas, Jardim Botânico, e outros que tais. A Madeira é assim mesmo, montes e vales pela ilha toda. Não, não estou a falar de cor, dei mesmo a volta à ilha toda! Seis horas de carro pelo litoral, começando pela costa sul (Câmara de Lobos, Ribeira Brava, Ponta do Sol, Calheta, etc. e tal) e acabando com a costa norte (São Vicente, Santana, Machico, Santa Cruz, etc. e tal). Com uma paragem para comer bife de atum com arroz de lapas em Porto Moniz, como não podia deixar de ser. E com um final apoteótico na Ponta de São Lourenço, naquilo que é uma surpreendente transformação da paisagem verde em paisagem lunar. Quanto ao interior, vai ter que ficar para a próxima. Eu sei que é imperdoável ter falhado o Pico do Areeiro. Mas há que fazer escolhas… E eu não queria falhar o Curral das Freiras. Pois não é que é mesmo de cair o queixo? Como é que é possível que alguém se tenha lembrado de fazer o que quer que fosse naquele vale isolado numa ilha já de si isolada? Só mesmo freirinhas a fugirem de piratas, segundo me explicaram depois. Fosse o que fosse, vale a pena o passeio! As vistas são do melhor que há, é preciso é não olhar para baixo…
Só mais dois comentários. Um para referir o mercado municipal, não pelas bananas prata e maçã que me venderam caríssimas, mas pelo cuidado na arrumação das bancas. Vale a pena ver! Outro para justificar a ausência de comentários às famosas levadas. Eu queria (muito!), mas quando se vai com um pai workaholic e uma mãe recém operada aos pés, não é fácil. Hehehe, desculpas para voltar…

25 agosto 2006

Porto Santo em fotos

Eu prometo que escrevo qualquer coisita no fim-de-semana!


A paisagem de Porto Santo

Um cão porto santense...

A praia de Porto Santo

21 agosto 2006

Madeira em fotos

Um mês depois... Até parece que estive de férias este tempo todo! Mas não. Entre a viagem a umas certas ilhas celtas, como alguém comentou, e o trabalho de duas semanas acumulado na secretária, não tem sobrado muito tempo para vos falar das minhas andanças pela Madeira e Porto Santo. E ainda não é hoje! Hoje ficam só umas fotos para vos aguçar o apetite...



O Funchal no seu melhor

A cor do mar no Cabo Girão

Casinhas e estradinhas nas encostas, é assim a Madeira

As Desertas vistas dum surpreendente deserto: a Ponta de São Lourenço

Flores, árvores, montes e vales, é assim a Madeira

O Curral das Freiras: um vale isolado numa ilha isolada num oceano

21 julho 2006

O segredo mais bem guardado da Lagoa de Óbidos

De nome Aldeia da Lapinha, descoberta por puro acaso. Não vem na internet, mas testemunhos orais fazem referência a uma aldeia abandonada recuperada por estrangeiros há uns anos atrás...







E agora vou dormir que amanhã vou para a Madeira, seguida de Porto Santo, gozar umas merecidas férias! :-)

17 julho 2006

Eis as prometidas fotos!

A costa Oeste, com as Berlengas lá ao fundo

Duas de muitas gaivotas

Gaivotas no ar, gaivotas em terra, gaivotas por todo o lado

O fantástico forte de S. João Baptista

O arquipélago das Berlengas visto do cabo Carvoeiro

E o próprio do cabo Carvoeiro com as Berlengas ao fundo

14 julho 2006

O fantástico arquipélago das Berlengas

Sexta-feira, noite dentro, em busca de uma aldeia perdida de nome Casal de Mestre Mendo, destino de duas aventureiras com noite marcada numa casa de turismo rural descoberta na Internet: Vila Berlenga. Recomenda-se, com destaque para a simpática dona (francesa) e para o acolhedor pátio interior.

Sábado, oito da manhã, tiro de partida para uma caminhada pela costa Oeste: praia da Areia Branca, forte de Paimogo, praia de S. Bernardino e praia da Consolação (nem de propósito, algumas das zonas por onde passámos foram agora interditadas por perigo de derrocada…). Quatro horas e meia a andar, com paragem para um café feito na hora numa praia deserta (os guias da Papa-Léguas têm destas coisas…) e para um almoço sui generis numa casa assombrada (a história é comprida, um casal de americanos e a morte misteriosa da filha, com festas para convidados como a Madonna à mistura…). Passagem por Peniche, cidade com pouco mais do que o forte (e a respectiva fuga do Álvaro Cunhal) como ponto de interesse, a caminho da mais famosa viagem de barco de Portugal continental. E se tem razões para ser a mais famosa!!! Não que eu enjoe, não sou dada a essas coisas, mas que mete medo, mete! Mas vale a pena!!! O cenário da chegada à ilha da Berlenga é qualquer coisa de indescritível... A ilha em si, as gaivotas, o farol, as gaivotas, o forte, as gaivotas, o ambiente… É um cenário meio fantástico… Adorei! Mesmo quando as gaivotas decidiram atacar algumas pessoas do nosso grupo, talvez por eu não ter sido uma delas… Pois é, as gaivotas não andam nada satisfeitas com o género humano. É que elas são cerca de 45 mil. E deviam ser cerca de 10 mil. E como põem três ovos três vezes ao ano, a solução encontrada para resolver o problema foi destruir ovos. Pois é… Por isso é que algumas pessoas do nosso grupo foram atacadas, porque havia ovos por perto. Mas ninguém se magoou e acabou tudo a fazer o passeio de barco pelas grutas e a deslumbrar-se com um mar de cor fluorescente. Escusado será dizer que a viagem de volta não tem nem um décimo da emoção…

Domingo, passagem por Atouguia da Baleia (onde a medieval igreja de S. Leonardo é paragem obrigatória), Cabo Carvoeiro (com uma vista para o arquipélago das Berlengas digna de registo), Baleal (aquela estrada entre duas praias é única!), Óbidos (com o melhor e o pior do turismo em massa), e Lagoa de Óbidos (onde outro road-book desactualizado voltou a atacar).
Quanto ao segredo mais bem guardado da Lagoa de Óbidos, deixo-o para um próximo post…

PS: As fotos ficam para o fim-de-semana, que já é tarde e amanhã é dia de trabalho! :-)

26 junho 2006

Conimbriga

Já com algum desfasamento no tempo (continuo com um mês de atraso...), estive em Conimbriga. Aliás, fui passar o fim-de-semana à Quinta das Lágrimas (muito SPA e nada de fantasma da Inês de Castro!) e, apesar dos quase 40 graus à sombra, acabei a fazer algo que queria fazer há já algum tempo: visitar Conimbriga. E não é que vale mesmo a pena? O museu não é grande mas tem bastante informação e as ruínas são mais que muitas (então a comparar com as de Ammaia...). Mas do que eu gostei mesmo foi dos mosaicos! São espectaculares!!! E é impressionante como mantiveram as cores! Não se tratavam mal, os nossos amigos romanos, com aquelas cores e motivos por chão... Aliás, será possível que a nossa calçada portuguesa não tenha tido origem neste bom hábito dos romanos? Ainda dizia o Obélix que eles eram loucos... Ou seria o Astérix? :-)






E por aqui me fico. Estou a guardar as energias para escrever sobre a minha viagem deste fim-de-semana que passou. Ao fantástico arquipélago das Berlengas...

19 junho 2006

Batiks moçambicanos

Completamente a despropósito, o novo habitante da minha sala. Ora digam lá se não se fazem coisas giras com o artesanato moçambicano...


09 junho 2006

O menir!!!

O menir!!! Como é que eu me pude esquecer do menir??? O maior da Península Ibérica!!! Com este não aguentava o Obélix... Um brinde ao Obélix!!! E, claro, ao Ideafix... :-)


05 junho 2006

Finalmente, fotos!

Papoilas aos pés de Marvão

E Castelo de Vide aos pés de uma papoila

Papoilas, papoilas, papoilas

Lírios e outros que tais

Alentejo profundo

Mas não isolado do mundo

29 maio 2006

Primeira viagem. De além Tejo…

Para quem não sabe, vivi em Maputo, Moçambique, durante o ano de 2005. Foi lá que comecei a escrever, sob a forma de e-mails para familiares e amigos em Portugal, sobre as viagens que fazia. E, pelos vistos, ganhei-lhe o gosto…

Assim, depois das Crónicas de Moçambique (a “linkar” brevemente), eis as Crónicas de Viagens de Aquém e Além Tejo. Em Portugal ou lá fora. A Norte ou a Sul do Equador. Desde que permitam o matar da sede de viajar. Aliás, desde que o não permitam. Que permitam antes o constante renovar dessa sede, como quando se bebe e mais sede se tem. Com boa disposição e máquina fotográfica à mão, venham de lá essas viagens!!!

29 de Abril, dez da manhã, mais coisa menos coisa, que isso de começar viagens às seis da manhã é coisa de África, rumo ao Alto Alentejo, acompanhada por umas doces criaturas (esta paga direitos de autor, eu sei, ora espreitem o
fuga para a vitória). Destino final, Marvão, vila medieval a espreitar-nos de cima de um penhasco. E como a palavra medieval tem o seu peso, a inevitável pergunta: mas como raio é que eles faziam para se movimentarem naqueles tempos? Se ainda agora custa imaginar como é que a criançada vai todos os dias para a escola em Castelo de Vide… Certo, já não há muita criançada. Marvão, como muito do interior português, não é mais do que um punhado de velhos, com uns quantos turistas à mistura. Resta-me saber se já há cabeças pensantes a pensar (passe o pleonasmo) em políticas de repovoamento do interior face a um futuro de urbanização sem limites… Mas isso não é discussão para aqui. Aqui estamos em terras do Alentejo, terras de boa gente, boa comida e, como não podia deixar de ser, boa bebida! Mais do que falar do castelo de Marvão, onde demos com um acampamento de escuteiros com borbulhas na cara, das ruínas de Ammaia, ainda em grande parte enterradas, de Castelo de Vide, onde percorremos as ruas estreitas da judiaria, ou do menir da Meada, o maior da Península Ibérica, o roteiro fez-se de migas de espargos selvagens com entrecosto, plumas e mimos de porco preto, borrego, açorda (da verdadêra), pezinhos de coentrada, arroz de lebre com piri-piri (é assim, África entranha-se…), uma sericaia de bradar aos céus em Alter do Chão (Páteo Real, recomenda-se!), etc, etc, etc. Com um tintinho da região (não fiz a rota dos vinhos, mas passei à beira da quinta onde se faz o famoso Tapada de Chaves) ou uma cerveja fresquinha, venham de lá esses quilitos a mais!!!

Fora dos circuitos turísticos, uma visita à Feira do Queijo de Niza, a decorrer em Tolosa (eu e a minha sorte, tenho queijo para o resto do ano!), e uma aventura todo-o-terreno numa fronteira Alto Alentejo/Beira Baixa deserta, com um road-book desactualizado e um Tejo que teimava em não aparecer. Valeu-nos uma bússola, recém-adquirida, que nos levou a Niza convencidos que íamos a caminho de Vila Velha de Ródão… Isto no meio de um descampado de papoilas, lírios e outros que tais, numa mistura de vermelhos, roxos e amarelos de tirar o fôlego. Já sem este colorido, e com muitos calhaus à mistura, passagem pelo Castelo de Belver e pelo Castelo de Almourol (um dos aventureiros tem uma fixação em “castros”, o que é que se lhe há-de fazer?). Ou achavam que não tínhamos dado com o Tejo? Nem que fosse só para comprovar que ele também dá um arzinho da sua graça fora de Lisboa…