28 fevereiro 2014

Inverter o processo

Quando não há viagens sobre as quais escrever, o que fazer? Talvez seguir o exemplo de um poeta da Amazónia: "escrevo para viver as aventuras que não posso viver de outra forma" (in "Vai, Brasil", de Alexandra Lucas Coelho). Inverter o processo. Agarrar num mapa mundi, fechar os olhos e apontar o dedo a um país desconhecido. E a partir daí contar uma história... Ou então escrever sobre as aventuras de outros, na forma de livros. Para começar, é capaz de ser mais fácil. Alexandra Lucas Coelho e Chimamanda Ngozi Adichie, literatura no feminino, num blog perto de si...

15 fevereiro 2014

Escala em Miami

Para fechar com chave de ouro, algumas palavras sobre esse país onde toda a gente quer ir, os Estados Unidos da América. É país que não me atrai por aí além (já o presidente, com aquele sorriso...), excepto quando as viagens para a Costa Rica com escala em Miami são mais baratas. Mas é um barato que sai caro! Porque mesmo não saindo do aeroporto é preciso um visto e quando se compra o bilhete online ninguém nos avisa. Porque as hospedeiras da American Airlines parecem saídas duma série dos anos 70 e não são particularmente simpáticas. E porque a obsessão com a segurança nos obriga a passar vezes sem conta por todo o tipo de máquinas. Mas a medalha tem sempre um reverso! O visto compra-se online e fica disponível em 5 minutos, por isso não é nada que não se consiga com um smartphone no aeroporto de partida. Entre as hospedeiras da American Airlines estava uma que era claramente um transexual, coisa que ainda não se encontra em muitos dos chamados países desenvolvidos. E à minha frente na entrada para o avião ia um senhor, já sénior, que insistia em prender a alça da mala nos braços das cadeiras; à terceira vez que o ajudei, disse naquele tão típico sotaque americano: do you know what I'm gonna do? I'm gonna hire you!

12 fevereiro 2014

Cenas de um país sem exército XI

Fiquei aqui a pensar que em nenhum post anterior, tirando o último, falei no carinhoso nome que os costa-ricenses dão a si próprios: ticos! Aparentemente, deve-se ao uso do sufixo "tico", em vez do mais comum "ito" (o equivalente ao nosso "inho"). É assim uma espécie de tugas! O que me faz pensar se eles também terão a capacidade de identificar ticos pelo mundo fora, como nós fazemos com os tugas. Capacidade que não é infalível, diga-se de passagem... Estou aqui a lembrar-me de quando dois rapazes entraram num autocarro onde eu e a minha companheira de viagem íamos. Ela, mártir dos mosquitos, olha para as pernas de um deles e, com um grande sorriso, diz: tu também 'tás todo picadinho! Ao que ele responde, também com um grande sorriso: sim, mas estas já vêm da Nicarágua!!!

09 fevereiro 2014

Costa Rica em 5 etapas

Fiz a Costa Rica em 5 etapas (a contar com San José, onde estive à chegada, a pouco mais de meio, e à partida): Monteverde e Tortuguero foram as que mais me marcaram; Arenal desiludiu pelo vulcão adormecido (mas só por isso!); já Manuel Antonio, tem mais fama que proveito. Mas ficaram tantas etapas pelo caminho! Não vou aqui dissertar sobre as várias regiões de imensa beleza natural da Costa Rica. Vou apenas referir aquela que me ficou atravessada, o Parque Nacional do Corcovado. Se achavam que só havia Corcovado na Cidade Maravilhosa, desenganem-se. Segundo a National Geographic, o Corcovado tico é só "the most biologically intense place on Earth"! Ora espreitem: http://www.youtube.com/watch?v=zqTwf1-jQF4. Sem pressas...

06 fevereiro 2014

Cenas de um país sem exército X

A Costa Rica não é só passarinhos e restante bicharada. É também vegetação. Muita e variada. Acima de tudo, exótica. E de todo não identificável. À excepção da heliconia (primeira fotografia), que está por todo o lado...







04 fevereiro 2014

Cenas de um país sem exército IX

A Costa Rica é um dos maiores exportadores de bananas do mundo. Até aqui nada de novo, temos bananas Chiquita em qualquer supermercado! O que não sabemos (apesar das denúncias de que a Chiquita foi alvo aqui há uns anos a propósito das condições de trabalho...) é que o trabalho numa plantação de bananas pode ser particularmente duro. E não estou a falar da dureza de todo e qualquer trabalho agrícola! Tenho que confessar que não me lembro de grande parte da explicação do guia sobre a plantação de bananas. Mas lembro-me da brincadeira sobre o "canopy de bananas" quando as vimos ser transportadas através de cabos. E da referência ao trabalho dos homens que as "fazem deslizar". Bastante mais duro do que o dos que fazem deslizar turistas...



01 fevereiro 2014

Tartarugas marinhas

O Parque Nacional Tortuguero foi fundado em 1975 para proteger a principal atracção das suas praias: as tartarugas marinhas. Entre as várias espécies que ali vão desovar, a tartaruga-verde é a mais comum. E, como qualquer outra tartaruga marinha, precisa de sossego durante o longo e sofrido processo de desova. Sim, porque é um processo longo e sofrido, nada cá de romantismos! Pode durar até 3 horas, entre fazer o percurso do mar para a areia, escavar o "ninho", entrar em transe e desovar, camuflar o "ninho", e exausta regressar ao mar. E a parte do "entrar em transe" é mesmo verdade. Só isso explica que uma tartaruga marinha desove perante grupos e grupos de turistas (canídeos incluídos!) com lanternas, de infra-vermelhos é certo, mas ainda assim lanternas! Enfim, telemóveis e máquinas fotográficas estão proibidos, pior seria!!! Mas vida de tartaruga marinha não é fácil...