31 março 2009

Ilha Terceira, verde e vacas

A ilha Terceira é, como não podia deixar de ser, verde. E, como não podia deixar de ser, tem vacas. Mais vacas do que as outras ilhas, aparentemente. Digo aparentemente porque é na Terceira que estão a ser construídos viadutos de propósito para as vacas. Sim, viadutos, daqueles que passam por cima das estradas. Porquê? Porque as vacas atravessam as estradas e causam estragos. Eu que o diga, que a caminho de Praia da Vitória ia sendo atropelada por três vacas, não fosse o condutor, terceirense de gema, desviar o carro para a outra faixa na maior das descontracções. Daí os viadutos. Quando perguntei como é que as vacas vão perceber que os viadutos são para elas, responderam-me: só custa ao início, depois entra no código genético…
Mas nem só de vacas vive a Terceira. Também há touros. À conta de uma qualquer herança espanhola que faz das largadas de touros uma mania terceirense. E quando digo mania é mesmo mania. Vídeos de largadas de touros a passar nas montras de qualquer loja, histórias de largadas de touros contadas ao almoço e ao jantar, touros, touros e mais touros.
Voltando à ilha em si, não tem a beleza natural de São Miguel. Como diz o meu anfitrião, beirão de nascença mas micaelense de coração, eles bem tentam inventar lagoas e furnas, mas nada que se compare com São Miguel. Verdade. Mas têm Angra do Heroísmo, Património da Humanidade, cidade linda de morrer, que lembra as cidades coloniais brasileiras (eu sei, é mais ao contrário, mas não tenho culpa de ter ido ao Brasil antes de ir aos Açores…). E têm os recortes de verde. Enquanto em São Miguel os pedaços de terra são grandes (parece que é a única ilha dada a “latifúndios”), na Terceira o verde está todo recortado, numa infinidade de pequenos pedaços de terra divididos por muros de pedra vulcânica, que fazem da paisagem qualquer coisa de cortar a respiração…
Por último, pontos a não perder. O Jardim Duque da Terceira, uma espécie de jardim botânico de Angra do Heroísmo, antes ou depois de calcorrear as ruas da cidade e de fotografar as varandas coloridas. O miradouro do Monte Brasil, com uma vista espectacular sobre a cidade. Biscoitos, zona de piscinas naturais com um tom de azul digno de registo. A cidade de Praia da Vitória, local de batalha entre liberais e absolutistas, com vitória absolutista em terra sobre esquadra liberal em mar. Absolutamente a não perder, apesar da ventania, o miradouro da Serra do Cume, o tal com a paisagem de cortar a respiração.

PS: Este último ponto a não perder lembrou-me a famosa Base das Lajes, que se vê do miradouro. Famosa pelas piores razões, na minha modesta opinião (quem não se lembra de um certo trio acompanhado pelo actual presidente da Comissão Europeia, os quatro a brincar aos donos do mundo?). Mas não foi por isso que me lembrei dela. Lembrei-me dela porque me disseram que importa tudo dos EUA, até leite e manteiga. Aparentemente, a única participação na economia local é quando alguém sai para jantar fora num qualquer restaurante da ilha. Como é que é possível? Enfim, se uma Base como Guantánamo foi possível em Cuba…

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