03 outubro 2007

Dia do Trabalhador em Mértola

O meu passeio a Mértola já foi há tanto tempo que já nem me lembro do que é que se passou!
Lembro-me que o jipe avariou no monte no dia da chegada. E que tivemos que vir de táxi a Lisboa, noite dentro, buscar outro carro para não perder o fim-de-semana prolongado. Porque o jipe não tinha arranjo e teve que ser rebocado. Para numa oficina em Lisboa pegar à primeira, assim, sem mais nem menos. Mas isso já é outra história…
Lembro-me de Mértola cidade branca, mais degradada do que eu estava à espera. Parece que os velhos vão morrendo e que as casas se vão degradando à espera que os filhos e netos se entendam nas partilhas. Mas mais do que a imagem da degradação, o que fica é a imagem islâmica do museu, onde aprendi que “enxaqueca” é uma palavra de origem árabe…
Lembro-me das cores fortes das Minas de São Domingos. O cenário é meio fantástico e só é pena as explicações serem todas do ponto de vista geológico. Não havia pessoas a trabalhar nas minas? Pode ser defeito de formação, mas não havia minas se não houvesse pessoas, certo? Não é preciso ser-se socióloga para dar ao social a importância que ele merece…
Lembro-me da chegada ao Pomarão, o porto de onde saíam os barcos com os minérios explorados nas minas. A vista das curvas do Guadiana é qualquer coisa de espectacular…
Lembro-me da paisagem estonteante a caminho do Pulo do Lobo, sinónimo de “fim do mundo” desde o retiro do actual PR, então PM. Isolamento não lhe falta, de facto…
Lembro-me de um monte novinho em folha, com vista para uma planície de ovelhas (Monte do Alhinho, recomenda-se!). De um casal a dar os primeiros passos no turismo rural, com muita simpatia à mistura. E de um rafeiro alentejano de nome Bush (será que percebemos bem?)…
Lembro-me da tajine de borrego e dos ovos mexidos com courgettes, no restaurante Migas. E da refeição de azeitonas, queijo e paio, em Santana de Cambas, desenrascada tarde e a más horas, numa boa vontade tipicamente alentejana (ainda que vinda de um neto nascido e criado no Barreiro). Do pavilhão Sabor Alentejo na Ovibeja. E da Feira do Mel em Mértola. E, claro, da cerveja do Lebrinha em Serpa…
Por último, lembro-me de duas dicas de alguém conhecedor do Alentejo: a estrada entre Castro Verde e Mértola, provavelmente uma das estradas mais bonitas do país, com cegonhas a eito; e a Capela do Calvário, em Ferreira do Alentejo, com pedras cravadas a simbolizarem o apedrejamento de Jesus Cristo. Boas dicas…
Quanto a fotos, ficam para os próximos capítulos!

1 comentário:

  1. A propósito de lembranças e viagens ao Alentejo… Já eu lembro-me que nesse fim-de-semana não embarquei convosco nessa nova aventura pelos caminhos de Portugal – e que me arrependi mais tarde da opção tomada!... E lembro-me ainda – e esta é uma recordação mais antiga e bem mais cara – que, nas andanças com a família por terras alentejanas, sempre ouvi dizer que a capela em Ferreira do Alentejo com enigmáticas pedras pretas cravadas na parede era uma homenagem a Santa Maria Madalena e à velha máxima “atire a primeira pedra quem nunca pecou...” Será porventura uma interpretação popular, fruto da sua conhecida sabedoria? Não sei, temos que lá voltar para indagar, que essas sim são aventuras que valem sempre a pena!

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