09 abril 2015

Como é que se diz deserto em farsi?

Estive a pesquisar na internet a ver se descobria a área de deserto do Irão. Não descobri, mas descobri que o Irão tem dois grandes desertos, o Dasht-e Lut (com a romântica tradução de Emptiness Desert, o Deserto do Vazio...) e o Dasht-e Kavir (também conhecido como o Grande Deserto Salgado). Não estive em nenhum deles, mas vi paisagens desérticas (ou semi-desérticas) com fartura. Os tons, já se sabe, são de um ocre esmagador...










07 abril 2015

Curiosidades persas VIII

A juntar ao último post, e na senda da caligrafia árabe, aqui fica outra pequena pérola. Não, os livros não estão com a capa para baixo. Porque o alfabeto árabe, ao contrário do nosso alfabeto latino, escreve-se da direita para a esquerda. E não, não é tudo indecifrável. Porque se olharem com atenção vão ver ali um Dostoiévski à esquerda. E um Alexandre Dumas à direita...



04 abril 2015

Curiosidades persas VII

Num restaurante perto de Pasargadae, encontrei a pequena pérola que podem ver abaixo. O acesso à internet no Irão é restrito. Não o acesso em si (que como se pode ver, se pode encontrar num qualquer restaurante de estrada...), mas sim aquilo a que se tem acesso. Grande parte das páginas do chamado mundo ocidental estão bloqueadas, como as páginas de jornais, por exemplo. O Blogger também tem acesso restrito, nomeadamente o meu herege blog (consegui postar em tempo real porque as autoridades iranianas se esqueceram da aplicação para iPad!). E do Facebook é melhor nem falar! Acho que foi a primeira vez que fiquei sem acesso de todo. E sobrevivi...



02 abril 2015

Ainda Pasargadae, vulgo Pasárgada

E não é que pesquisando na internet sobre Pasargadae encontrei um poema dum grande poeta brasileiro? Manuel Bandeira terá ouvido a palavra Pasárgada (tradução para português), que significa "campo dos persas" em farsi. E terá imaginado um "país de delícias". Pelo insólito da coisa (para quem viu apenas ruínas...), aqui fica o poema:

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

01 abril 2015

Pasargadae

Entre a encantadora Yazd e a surpreendente Shiraz, um dos pontos históricos do percurso: Pasargadae. Capital do 1º Império Persa, construída por Ciro, o Grande, não está tão bem conservada como Persépolis, embora também seja Património Mundial da UNESCO. Mas vale a visita! Pelos poucos monumentos que ainda se encontram de pé, entre os quais o túmulo de Ciro, o Grande; pelas ruínas que dão uma ideia de como era a cidade; pelos altos-relevos, poucos mas ilustrativos. Pelo pôr-do-sol nas montanhas. Pelo silêncio e ausência de turistas em massa. E, sobretudo, pela história de que foram os habitantes de cidades próximas que se fizeram à estrada para ir defender Pasargadae do fanatismo da revolução de 1979, quando os seus partidários queriam destruir todos os símbolos evocativos dos tempos do Xá Mohammad Reza (que fez da herança dos Impérios Persas o seu ex-líbris). Não fosse a coragem desses "vizinhos"...












18 março 2015

Zurkhaneh em movimento

O tal desporto/espectáculo da "casa de força" só visto e ouvido. Por isso, está na altura de eu me estrear nos vídeos aqui no blog. Dadas as limitações de espaço, use-se e abuse-se do YouTube! Por favor, sigam os links!


18 fevereiro 2015

Zurkhaneh

Lembram-se do post sobre o wrestling como desporto nacional no Irão? Que se pratica numa espécie de ginásio de nome zurkhaneh, cuja tradução literal é "casa de força"? Pois no zurkhaneh também se pratica outro desporto, aliás, espectáculo. Para turista ver e não só (tem raízes ancestrais e é praticado regularmente). Este espectáculo consiste numa demonstração de força por parte de vários homens em conjunto. Não uns contra os outros, mas sim para o público à volta do ringue. Ao som de versos de poemas iranianos, cantados e acompanhados por um tambor, vários homens (de todas as idades!) demonstram a sua força rodando pesadas maças e correntes. O ponto alto é quando rodam sobre si próprios, ao estilo Sufi (difícil de apanhar em fotografia...). Não é das coisas mais espectaculares a que já assisti, mas é um espectáculo engraçado. Nomeadamente quando entre os viris homens se encontra um pestanudo Ronaldo! Lá diz o ditado, de pequenino se torce o pepino...



 










13 fevereiro 2015

Arredores de Yazd

Muito próximo de Yazd, a cerca de 35 quilómetros de distância, na vila de Fahraj, encontra-se aquela que é provavelmente a mesquita mais antiga do Irão. Também de nome Jameh, esta mesquita tem uma particularidade (para além da particularidade de não ter a opulência de outras mesquitas, como se pode ver nas fotografias...). Um minarete que servia como farol para as caravanas que passavam por aquela zona de deserto. Sim, que isto de a malta se orientar pela Estrela Polar já era!





10 fevereiro 2015

Portas de Yazd

As portas de Yazd, como aliás as portas de outras cidades no Irão, têm uma particularidade. Têm dois batentes, um comprido e estreito, outro redondo e largo. O primeiro para homens, o segundo para mulheres. Porquê? Porque cada um faz um som diferente. E, assim, homens e mulheres dentro de casa sabem quem está a bater à porta, se um homem, se uma mulher. Porquê novamente? Porque no Irão não é suposto as mulheres abrirem a porta a homens. Ou não era... Apesar dos direitos das mulheres no Irão deixarem muito a desejar, esta prática caiu em desuso. Como aliás se pode ver por portas mais recentes...













05 fevereiro 2015

Torres do Silêncio

Continuando no Zoroastrismo, posso dizer-vos que uma das coisas que mais me marcou na viagem ao Irão foi a visita às Torres do Silêncio, os monumentos funerários Zoroastras. Pela paisagem, mas sobretudo pelo simbolismo. Os Zoroastras acreditam na pureza dos elementos. Acreditam também que o espírito deixa o corpo no momento da morte, o que transforma o cadáver em algo impuro. Desta forma, enterrar ou cremar os cadáveres significa contaminar a terra ou o fogo e o ar. Daí que os cerimoniais fúnebres Zoroastras consistissem em colocar os cadáveres no topo de Torres do Silêncio para serem devorados por aves de rapina. Impressionados? É um cerimonial fúnebre como outro qualquer! E hoje em dia já não é praticado. Actualmente, os Zoroastras têm cemitérios, nos quais os cadáveres são enterrados em cimento, para evitar a contaminação da terra. Imagino que mais "higiénicos", mas bem menos impressionantes (no bom sentido!) que as Torres do Silêncio...