Dia do Trabalhador em Mértola
O meu passeio a Mértola já foi há tanto tempo que já nem me lembro do que é que se passou!
Lembro-me que o jipe avariou no monte no dia da chegada. E que tivemos que vir de táxi a Lisboa, noite dentro, buscar outro carro para não perder o fim-de-semana prolongado. Porque o jipe não tinha arranjo e teve que ser rebocado. Para numa oficina em Lisboa pegar à primeira, assim, sem mais nem menos. Mas isso já é outra história…
Lembro-me de Mértola cidade branca, mais degradada do que eu estava à espera. Parece que os velhos vão morrendo e que as casas se vão degradando à espera que os filhos e netos se entendam nas partilhas. Mas mais do que a imagem da degradação, o que fica é a imagem islâmica do museu, onde aprendi que “enxaqueca” é uma palavra de origem árabe…
Lembro-me das cores fortes das Minas de São Domingos. O cenário é meio fantástico e só é pena as explicações serem todas do ponto de vista geológico. Não havia pessoas a trabalhar nas minas? Pode ser defeito de formação, mas não havia minas se não houvesse pessoas, certo? Não é preciso ser-se socióloga para dar ao social a importância que ele merece…
Lembro-me da chegada ao Pomarão, o porto de onde saíam os barcos com os minérios explorados nas minas. A vista das curvas do Guadiana é qualquer coisa de espectacular…
Lembro-me da paisagem estonteante a caminho do Pulo do Lobo, sinónimo de “fim do mundo” desde o retiro do actual PR, então PM. Isolamento não lhe falta, de facto…
Lembro-me de um monte novinho em folha, com vista para uma planície de ovelhas (Monte do Alhinho, recomenda-se!). De um casal a dar os primeiros passos no turismo rural, com muita simpatia à mistura. E de um rafeiro alentejano de nome Bush (será que percebemos bem?)…
Lembro-me da tajine de borrego e dos ovos mexidos com courgettes, no restaurante Migas. E da refeição de azeitonas, queijo e paio, em Santana de Cambas, desenrascada tarde e a más horas, numa boa vontade tipicamente alentejana (ainda que vinda de um neto nascido e criado no Barreiro). Do pavilhão Sabor Alentejo na Ovibeja. E da Feira do Mel em Mértola. E, claro, da cerveja do Lebrinha em Serpa…
Por último, lembro-me de duas dicas de alguém conhecedor do Alentejo: a estrada entre Castro Verde e Mértola, provavelmente uma das estradas mais bonitas do país, com cegonhas a eito; e a Capela do Calvário, em Ferreira do Alentejo, com pedras cravadas a simbolizarem o apedrejamento de Jesus Cristo. Boas dicas…
Quanto a fotos, ficam para os próximos capítulos!